Energia Solar – Manutenção

Aldeia Novo Natal - Foto: Divulgação

Entre 17 de Outubro a 09 de Novembro de 2017 foi realizada a primeira etapa do projeto de manutenção dos sistemas de energia solar nas aldeias Huni Kuin do Rio Jordão. A equipe foi coordenada por Guilherme Meneses, que realizou as instalações, com a companhia de Natasha D’Souza, que realizou registros audiovisuais, o assistente Ângelo Paulo Mateus Kaxinawá (Ikamuru) da aldeia São Joaquim e o barqueiro Evaldo Kaxinawá, da aldeia Chico Curumim. As aldeias escolhidas para esta etapa de manutenção foram: São Joaquim, Astro Luminoso e Novo Natal. Nesta viagem também foram feitas breves manutenções nas aldeias Boa Vista e Bari, além de visitas rápidas às aldeias Boa Esperança e Chico Curumim.

Aldeia São Joaquim/Centro de Memórias

Na aldeia São Joaquim o sistema de iluminação estava inoperante, apesar de persistir em funcionamento o sistema solar do ponto de cultura, que abastece computadores (entre eles um iMac), celulares, além de um modem e um roteador wi-fi. Nesta aldeia foram instaladas novas baterias, que, com as que já estavam instaladas, perfazem nove no total do mesmo modelo. O arranjo de baterias foi separado em baterias novas dedicadas a iluminação e baterias para o sistema do ponto de cultura.

Além das baterias, foi instalado um controlador MPPT, que ficou conectado ao sistema de iluminação, que está formado por três painéis solares e um novo inversor. Este arranjo otimiza a distribuição de energia para longas distâncias. O sistema do ponto de cultura ficou abastecido com quatro placas solares, ligados a um controlador PWM e a um inversor.

Nesta aldeia foram usados diversos rolos de cabo flexível para instalar a iluminação das casas dos moradores, do Centro de Memórias, do kupixawa interno e do laboratório de essências da floresta. Foram instaladas lâmpadas com interruptores individuais e deixadas com a comunidade mais lâmpadas, bocais, interruptores e rolos de cabo flexível.

Aldeia Astro Luminoso

Na aldeia Astro Luminoso o sistema de energia estava todo desativado. O inversor havia quebrado e sido removido pela comunidade. Tudo indica que a causa do problema foi a ligação de uma caixa de som com potência maior que o inversor. Para restaurar o sistema foram instaladas novas baterias, que foram ligadas a baterias do mesmo modelo que haviam sido instaladas anteriormente.

Para refazer a iluminação das casas dos moradores e do kupixawa, que está sendo reformado, foram usados novos rolos de cabo, além de outros cabos que haviam sido guardados pela comunidade da instalação anterior. Foi instalado também um controlador, que ficou conectado a painéis solares flexíveis, a um banco de baterias e ao novo inversor, que alimenta o sistema de iluminação e de recarga de equipamentos eletrônicos. Nesta aldeia foram instaladas lâmpadas com interruptores individuais e deixadas outras lâmpadas, bocais e interruptores com a comunidade.

Aldeia Novo Natal

Na aldeia Novo Natal o sistema solar também estava totalmente inoperante. Nesta aldeia alteramos o local onde estava instalado o sistema, que se encontrava na casa de um morador. Foi tudo desmontado e passado para a nova “casa do artesanato” (onde estava funcionando a escola), um local coletivo. Nesta manutenção também foi alterada a forma de ligação dos painéis solares, antes dispostos em dois sistemas diferentes. O controlador MPPT ficou ligado a cinco baterias e ao inversor que alimenta o sistema de iluminação e de recarga de equipamentos.

Nesta aldeia, os moradores não retiraram a fiação instalada previamente, o que contribuiu para fazermos as novas instalações poucos rolos de cabo, que foram agregados aos fios que estavam guardados na aldeia. Aqui também foram instaladas lâmpadas com interruptores individuais e deixadas mais lâmpadas, bocais e interruptores com a comunidade.

Aldeia Bari

Na aldeia Bari o sistema de iluminação estava em funcionamento normal, porém o inversor da aldeia estava queimado. Nesta etapa de manutenção instalamos um inversor encontrado em nosso estoque na aldeia São Joaquim. As ligações foram feitas por meio de “jacarés”, ligado direto nas baterias – assim como estava ligado o inversor anterior.

Nesta aldeia também foram instalados novos interruptores, buscando reduzir a perda de energia pela distância e pelo controle individual das lâmpadas; já que nesta aldeia somente havia dois interruptores gerais, um para o lado esquerdo, outro para o lado direito da aldeia, tendo como referência central o local onde foi instalada a base do sistema de energia solar.

Nesta aldeia a comunidade expandiu consideravelmente a fiação e a quantidade de lâmpadas instaladas. Também foram entregues aos moradores lâmpadas de 12V recolhidas nas aldeias anteriores. O sistema de corrente contínua já se encontra no limite.

Aldeia Boa Vista

Foto: Divulgação

Nesta aldeia não foi feito propriamente um trabalho de manutenção, mas uma visita técnica visando futuras reformas no sistema. Foi detectada uma clara perda de eficiência energética em virtude da grande distância percorrida pelos fios do sistema de iluminação 12V. Em virtude desta perda, o atual sistema não suporta expansões, como a instalação de novas lâmpadas (e postes, uma demanda da comunidade). Além disso, detectamos também nesta aldeia um problema de educação entre os moradores, que não desligam as luzes na hora de dormir. A população que fica do outro lado do rio solicitou um inversor, pois carecem deste aparelho para recarregarem seus equipamentos.

Nesta aldeia também se torna bastante clara a batalha política que nossas intervenções em prol do uso de uma fonte de energia limpa e renovável estão sofrendo. Políticos locais, incluindo o prefeito Elson Farias e o senador Sérgio Petecão, sabedores de que esta aldeia é a sede das urnas das eleições, prometeu aos seus moradores um gerador de alta potência movido a óleo diesel, o qual foi instalado este ano (porém ainda não está em funcionamento, pois se está aguardando as autoridades para inaugurá-lo).